segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

Na Ponta do Lápis


A semana passada foi de muita reflexão para mim. Acho que nunca analisei tanto a minha situação financeira, nunca fiz tantas contas e projeções. Primeiramente, os dados me desanimaram. Embora eu soubesse que a minha situação financeira não era nada confortável, olhar para o montante somado de dívidas sempre é algo assustador. Mas esse tratamento de choque  que inevitalvelmente começa na tomada de consciência é extremamente necessário para  casos como o meu. 

Nesse sentido, vale o adágio que o que não é medido não pode ser gerenciado. Pois bem, eu medi, calculei e cheguei a um valor total de dívidas. Está tudo consolidado em uma planilha que será mensalmente atualizada, sempre para menor, eu espero ! Embora eu tenha ficado desanimado e assustado, também pude perceber que a minha situação é reversível, desde que eu tenha a partir de agora disciplina, força de vontade, organização e motivação para vencer. E o mais importante: paciência. Afinal, para chegar a esse nível de endivadamento que cheguei eu levei alguns anos fazendo escolhas financeiras erradas, então naturalmente  poderá demorar também alguns anos até que eu possa me ver livre de todas as dívidas e finalmente entrar para o rol dos investidores. Tudo a seu tempo. No momento eu posso dizer que o primeiro passo foi dado.

Buscando subsídios para elaborar o meu projeto e tomar algumas decisões importantes, li diversos artigos de blogs que me foram recomendados e outros que fui encontrado pelo caminho. A blogosfera financeira é imensamente rica e motivadora e sou imensamente grato aos amigos que tem me indicado artigos e blogs. Não imaginava que teria esse apoio e um simples comentário de incentivo conta muito nesse momento. Pude ver que outras pessoas também já passaram pela mesma situação que eu e estão revertendo o quadro de endividamento. Esses exemplos sem dúvida nenhuma são de grande valia para mim que estou iniciando essa longa caminhada. No entanto, em última análise, nada disso vai adiantar se eu mesmo não fizer a minha parte que é agir diuturnamente em busca do objetivo proposto, sair do endividamento e me tornar um investidor. 

Para me auxiliar no monitoramento das minhas dívidas e no controle do meu orçamento, utilizarei duas planilhas financeiras. No presente post abordarei apenas a planilha de acompanhamento dos débitos. Apesar dos meus parcos conhecimentos de excel, eu mesmo elaborei a planinha e isso para mim já foi de algum aprendizado, pois tive que pesquisar como formatá-la e adequá-la às minhas necessidades. Tentei encontrar na internet uma planilha já pronta para esse fim, mas nenhuma delas tinha as informações que eu acho necessário no momento. Pode ser que com o tempo eu mude alguns dados, mas acho que para começar está ótimo. 

Não quero ficar paralisado com a mania de perfeição. Várias vezes em que penso fazer uma coisa, a "coisa" acaba não saindo porque eu estou sempre esperando o momento ideal, a forma perfeita de fazer, e isso acaba atrasado ou na maioria das vezes até mesmo adiando indefinidamente o início dos meus projetos. Assim, eu vejo que vale mais é agir, fazer, tentar, mesmo errando, pois com o andamento do projeto eu posso ir fazendo as adequações e correções necessárias. 

A planilha reflete a situação das minhas dívidas no fechamento do mês, antes de entrar o meu salário. Decidi por fazer o balanço neste momento pois é quando normalmente já ultrapassei o limite do cheque especial, as faturas dos cartões de crédito estão nas alturas e assim eu posso ter uma visão mais realista da minha real situação. Quando o meu salário cai na conta no início do mês, por óbvio que a situação tende a normalizar um pouco ou ficar menos pior, mas essa não é a realidade.

Desde quando comecei a me utilizar do limite de cheque especial para fechar o mês que eu tenho pago o máximo que posso de despesas através do cartão de crédito, pois não seria inteligente da minha parte pagar as despesas com o dinheiro do limite sendo penalizado com uma taxa de juro absurda. Assim, as minhas despesas refentes à combustível, supermercado, roupas, lanches e tudo que aceita cartão de crédito, eu sempre priorizo essa forma de pagamento. No entanto, algumas despesas como água, luz, internet, diarista e aluguel tem que ser pagas através de dinheiro em espécie. Nesse caso, quando não tenho dinheiro disponível, sou obrigado a me utilizar do limite do cheque especial. 

Desta forma, com o passar dos meses e sem o controle, as faturas de cartão de crédito vão subindo de valor, bem como a dívida no cheque especial, chegando num ponto em que mesmo utilizando todo o meu salário não consigo pagar a fatura de cartão de crédito e cobrir o limite. Nesse momento só me restam como alternativas: fazer um empréstimo consignado, diminuindo por um longo período a receita de um orçamento já comprometido ; renovar um empréstimo já existente, perpetuando a situação de comprometimento da minha renda ; ou venda de algum bem, subtraindo o meu já combalido e praticamente inexistente patrimônio. 

Então meu esforço nesse momento será diminuir mês a mês o montante nominal das minhas dívidas, priorizando logicamente as dívidas com juros mais alto. Quando me livrar das dívidas do limite de cheque especial e do cartão de crédito e antes de tentar amortizar os consignados, pretendo constituir uma pequena reserva emergencial, evitando que uma emergência me leve novamente a lançar mão de um novo empréstimo.

Vamos à planilha das dívidas que retrata a situação financeira que entrei no mês de Janeiro/18, antes de receber o meu salário.


No momento tenho três empréstimos consignados, todos com prazos a perder de vista devido aos diversos refinanciamentos que fiz (e que com fé em Deus não farei mais). Os valores são referentes ao saldo de quitação, caso tivesse como pagá-los hoje. Para chegar a essas valores tive que simular uma renovação dos mesmos. O empréstimo 3, no valor de R$ 18.100,00, possivelmente tem um valor menor, mas como eu o fiz há menos de seis meses ele ainda não está disponível para refinanciamento, assim não tenho como saber o valor para quitação hoje, a não ser se eu fosse pessoalmente à agência bancária, mas sem dúvida não é muito diferente que esse valor. 

Os cartões de crédito, como disse anteriormente, é fruto de muitas compras relativas a supermercado, combustível e outras despesas de casa. Por incrível que pareça, não tenho muitas dívidas nessa modalidade de coisas supérfluas e parcelas a perder de vista. A pior das dívidas, com juros acima de 10% a.m. mais IOF é sem dúvida o cheque especial. Muito provavelmente essa dívida não estará aí no próximo balanço pois estou estudando a possibilidade de fazer um empréstimo pessoal (CDC) de curto prazo (uns cinco meses) com juros de 3% a.m.. Poderia fazer um outro consignado com uma taxa até menor, mas eles sempre querem vender um seguro junto, o que torna o consignado até mais caro muitas vezes. Tenho um débito com um advogado também que quitarei em dois meses, fruto de um problema que tive com um plano de saúde. Por fim, um débito do seguro do carro e de roupas compradas a serem pagas de forma parcelada.

Total: R$ 55.927,89.  Esse é o total em dívidas que entrei o ano de 2018. Não tenho nenhum tipo de investimento, nem dinheiro em poupança e nem qualquer outro valor disponível, além do salário que recebo mês a mês. Tratarei sobre a questão patrimonial em outro post. Assim meus amigos eu começo a minha saga rumo à virada do jogo. A situação é complicada, difícil e desafiante, sobretudo porque tenho uma despensa mensal extremamente alta que no momento está levando quase toda a minha receita. Então tenho muito trabalho pela frente para diminuir despesas, gastar menos do que ganho, pagar as minhas dívidas e começar a investir. Tudo com muita paciência, disciplina e organização. Sugestões, comentários e ideias são muito bem-vindas, e é o que mais preciso nesse momento.

Um forte abraço à todos.

10 comentários:

  1. Boa tarde AVJ.

    Você já deu o primeiro passo que é ter consciência das suas dívidas.

    Se você puder concentrar todas elas numa só modalidade de crédito (consignado), melhor. Pesquise no seu banco ou em outros. Hoje existe a portabilidade de dívidas de um banco para outro.

    Antes de fazer isso, você tem que saber exatamente quanto pode pagar por mês na parcela sem se sufocar em novas dívidas. Se você fizer seu orçamento certinho com as despesas básicas (água,luz,telefone,internet,aluguel, alimentação,transporte), isso vai te dar uma noção.

    Com esses dados em mãos, é hora de negociar.

    O que eu não deixaria de fazer, mesmo com divida alta é montar uma reserva de emergência para cobrir seus gastos básicos. Nunca se sabe quando irá ocorrer um imprevisto, e tenho certeza que você não quer recorrer novamente ao cheque especial.

    Grande abraço!

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    1. Anô,

      Boa tarde ! Primeiramente quero lhe agradecer pelas preciosas dicas. Realmente vou seguir todas as suas sugestões. O melhor nesse momento para mim é concentrar as dívidas na modalidade consignado, pois é a menor taxa de juros. Estou conseguindo com o banco uma renovação de um dos empréstimo com uma taxa de 1.7%. Embora eu tenha margem para fazer um novo empréstimo, não acho que seria viável comprometer mais uma parcela do meu salário, pois as minhas despesas no momento estão bem altas. Também já estou providenciando uma planilha para consolidação do meu orçamento, que deverá ser objeto do próximo post. Quanto a reserva financeira,é uma ótima ideia. Preciso prevenir para uma eventual emergência e assim evitar aumentar novamente o meu individamento.

      Abraços!

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  2. A dica do anon acima é certeira! Creio que é a melhor opção para você no momento.

    Outra opção seria vender seu carro, roupas usadas sem uso, eletrodomésticos não essenciais (TV do quarto, frigobar etc).

    O carro pode ser considerado essencial, mas não é. A maioria da população vive sem. Se o auto valer R$ 10k, já dá pra quitar os dois cartões, o cheque especial e ainda sobra uma merreca pra reserva de emergência.

    Sei que qualquer queda no padrão de vida é traumática demais, porém pode ser o estímulo psicológico que falta pra você sair de vez dessa situação.

    Excluindo o cheque especial, como ficam essas dívidas mensalizadas, equivalem a quantos % do seu salário?

    Estou na torcida por você, AVJ

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    1. E ai C.I.

      As dicas do Anô realmente foram ótimas e elas vão ser consideradas com certeza no meu planejamento.

      Quando à venda de objetos, infelizmente acredito que tenho pouca gordura para queimar nesse sentido, mesmo assim vou avaliar melhor aqui para ver se posso me desfazer de alguma coisa.

      Sobre o carro, você tocou em um ponto importante. Conforme você colocou, temos o carro como algo essencial, pois eu e minha esposa nos utilizamos dele para ir para o trabalho, levar as crianças na escola e nos locomovermos para consultas médicas e outros deslocamentos. Pela tabela fipe o auto vale em torno de 25K e sem dúvida daria um gás muito grande nas finanças, pagando grande parte dos débitos. Vou pensar nessa hipótese com calma, embora de início tenho uma certa resistência em me desfazer do auto.

      As dívidas mensalisadas estão consumindo aproximadamente 40% do meu salário, fora o cheque especial e os cartões. Como recebi o terço de férias agora em Janeiro, vou ter algumas mudanças aí nesses números já no próximo balanço.

      Cara, muito obrigado mesmo pelas suas dicas, soobretudo por ter mexido em um ponto complicado para mim que é o auto, mas que eu preciso considerar se realmente querer sair das dívidas e me tornar um investidor.

      Um forte abraço.

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    2. C. I.

      Incluí o seu blog aqui no blogrol. Se puder me dar um força lá tbm...

      Abraços !

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  3. Ainda resta a opção intermediária: venda o carro e compre um mais barato. Se conseguir vender por 23k e comprar um de 13k, já pode amortizar 10k das dívidas.

    40% mensais de passivos é muita coisa, mas está longe de ser caótico. Creio ser possível você colocar as finanças nos trilhos em no máximo 2 anos.

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    1. C. I. Estou estudando essa possibilidade da venda do carro para comprar um mais barato. A questão é que um carro mais barato, na faixa de 13k, vai dar uma despesa de manutenção mensal que talvez não compense.Estou considerando também a possibilidade de comprar uma moto, mas para quem tem dois filhos pequenos é um pouco complicado.

      Em meus planos o prazo que estou considerando é esse mesmo, dois anos, desde que eu mantenha disciplina e austeridade, afinal, como venho frisando, a minha despesa em casa é muito alta, pago aluguel, planos de saúde, escola particular para duas crianças e as depesas típicas de casa (água, luz, telefones celulares, internet, etc) e no momento a única renda que temos é proveniente do meu cargo.

      Abraços.

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  4. Posso te falar uma coisa estranha? Eu passei por algo parecido e compartilhei em meus primeiros posts no blog (não nas mesmas dimensões) e posso te dizer que a fase de eliminação de dívidas é mais empolgante do que a fase de acumulação de investimentos. Na fase de quitação de dívidas, a gente sente como se estivesse derrubando um gigante a cada dívida quitada. Considerando que é funcionário público e deve ter um salário razoável, acho que um trabalho muito bem feito nas finanças pessoais possibilitará quitar tudo em 1 ano. Abraços. Te add no blogroll!

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    1. Fala S.B. !!

      Primeiramente quero lhe agradecer pelo apoio, muito obrigado.

      Estive explorando melhor o seu blog e vi que sua história realmente é parecida com a minha, guardada as devidas proporções. Encontrei ótimas dicas lá que com certeza vão ser utilizadas por mim nessa virada de jogo. É desafiador e empolgante essa fase de eliminação das dívidas, eu já estou sentindo isso, essa motivação, só em fazer o planejamento e refletir sobre as possibilidades.

      Quando ao meu salário, sim ele é razoável, mas como tenho dito, as minhas despesas estão bem altas. Creio que esse prazo de um ano é bem otimista...rsrss, estou trabalhando com um prazo de dois anos, que está mais próximo da realidade, sobretudo para mim que tenho dois filhos pequenos, na faixa de dois e três anos, portanto, pouca margem para redução de gastos.

      Adicionei o seu blog aqui também,

      Um forte abraço !

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  5. E aí Falido !

    Dei uma olhada no seu blog e fiquei impressionado na semelhança de nossos objetivos, guardadas as devidas proporcões. Fico muito feliz em saber que você está conseguindo colocar as coisas em ordem, espero conseguir o mesmo nos próximos meses. Quero te dar uma sugestão: por que você não volta a escrever lá no blog? Acho que essa interação é muito positiva e motivadora, é sempre bom respirar o ar da finansfera, ainda que no momento não estejamos na categoria de investidores.

    Um forte abraço meu amigo e espero receber sua visita aqui mais vezes!

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Obrigado pelo comentário. Em breve responderei.

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